Qui 15 dez - 19h às 20h30 ConversaRevista
Revista sai do papel: como nasce uma palavraJoão Maria Carvalho

Um poema de Manoel de Barros ressoa como um anúncio neste tempo de Natal: 
 
Uma palavra está nascendo
Na boca de uma criança: 
Mais atrasada do que um murmúrio. 
Não tem histórias nem letras 
Está entre o coaxo e o arrulo.
 
Aqui, escuta-se a palavra em estado nascente, «entre o coaxo e o arrulo». Este espaço de trânsito, feito de hesitações e gaguejos, é muitas vezes esquecido. Mas é justamente aí, balbuciando, gaguejando, hesitando, que a palavra se vai fazendo carne. Há qualquer coisa comum entre a palavra balbuciante e uma criança que vem lentamente à luz, na sua fragilidade, no seu fulgor. Alguns poetas, como Manoel de Barros, demoraram-se a contemplar este nascer da palavra, sem apressar a sua encarnação. Com eles, numa conversa à volta da mesa queremos tecer percursos que nos ajudem a perguntar melhor: como nasce uma palavra?


João Maria Carvalho

Mestrando em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, concluiu a licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas, na mesma Faculdade, onde também lecionou, enquanto Monitor, a cadeira de Textos Fundamentais. Faz parte da comunidade da Casa Velha, que procura aprofundar a relação entre a Ecologia e a Espiritualidade. Colabora regularmente com a revista Brotéria, explorando o cruzamento entre a poesia e a teologia. 

 

Local: Brotéria
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