Alberto Carneiro
Baralho
Rita RA
Sérgio Carronha
A noção de que habitamos uma casa comum percorre a história em diferentes níveis de consciencialização. Na contemporaneidade vemo-la expressa pela globalização dos produtos económicos e culturais, transmigrações de povos, mas sobretudo nas contínuas alterações da representação do impacto humano sobre a biosfera.
A galeria Brotéria e a Fundação Fé e Cooperação traçaram uma revisitação visual da encíclica Laudato Si — Sobre o Cuidado da Casa Comum, desenhando um ritual de reorganização da consciência integral da Natureza através de uma experiência artística imersiva. As obras de Alberto Carneiro, Sérgio Carronha, do coletivo Baralho e de Rita RA criaram uma ligação entre o limite concetual dos discursos da ecologia integral e uma atuação contemplativa baseada nos sentimentos estéticos. Mais do que ultrapassar as fronteiras da linguagem, esta exposição tornou-se numa situação em que a arte se mostra como acontecimento.
A insistência em sermos corpo moldado na natureza das coisas, que se inscreve na matéria da da terra, traduz-se num imperativo da consciência da continuidade biológica entre o orvalho e o meu corpo. Acompanha assim radicalmente o postulado da Laudato Sí Sobre o cuidado com a casa comum, de que “tudo está interligado”, de que as “espécies vivas formam uma trama que nunca acabaremos de individuar e compreender”. Buscamos aqui o espanto da experiência artística enquanto lugar da perceção de corpo inteiro, que pretende excluir os “conhecimentos fragmentários e isolados que podem tornar-se uma forma de ignorância, quando resistem a integrar-se numa visão mais ampla da realidade.” (LS §138) Fragmentação esta que produz os desequilíbrios, a injusta segregação de elementos, ou uma hierarquização opressiva que resulta em exclusão e autodestruição.
Exposição organizada com FEC - Fundação Fé e Cooperação
Com o apoio de Fundação Luso e Camões – Instituto da Cooperação e da Língua