Ter a qui 19, 20 e 21 dez - 19h às 20h30Cursos da Aula da Esfera
O meum e o tuum: pertences e pertenças em tempos de criseP. Manuel Cardoso SJ

Quando os países se fecham, as comunidades se guetizam e as famílias se isolam torna-se urgente discutir os fundamentos da nossa vida política comum e os critérios de ação pública justa. Faz sentido continuar a pensar na propriedade privada da mesma forma? Faz sentido pensar no meu ar respirável? Ou na tua água potável? E, em relação às minhas relações, terei eu o dever de defender mais a minha família do que as outras? Ou terei o direito a preferir o bem do meu país ao dos países dos outros? 

Apoiados em textos clássicos da filosofia política e da doutrina social da Igreja, este curso pretende refletir sobre equilíbrios possíveis entre o meum e o tuum, evitando cair tanto numa atitude universalista artificial quanto num solipsismo patológico. 

 

Programa

Dia 1  
Que regime de propriedade privada numa época de transição ecológica? 

Os filósofos políticos sempre se confrontaram com a tensão entre a propriedade privada e o bem comum. Neste primeiro dia refletimos na fundamentação moral da propriedade privada e na sua articulação com o princípio cristão do destino universal dos bens. Pensamos também em critérios justos para estabelecer direitos e limites ao “meu” num contexto de transição ecológica e outros desafios. 

Dia 2  
Geopolítica da justiça, entre o patriotismo egoísta e o universalismo despersonalizante 

A dupla pertença à humanidade e a um país específico são sempre valores em tensão. Enquanto portugueses teremos o direito a fecharmo-nos e a não acolher migrantes e refugiados para não nos diluirmos enquanto povo? E, por outro lado, o nosso direito a existir como nação, a defender uma identidade própria, será injusto e imoral? A que me obriga a ética social: fronteiras abertas ou fronteiras fechadas? E os recursos finitos? Que obrigação impera: acolher outros seres humanos, ou ser humano à portuguesa? 

Dia 3  
A minha família é mais importante que a tua! 

Dentro do país também há tensões: pertencemos a uma mesma nação, mas a famílias específicas, cidades particulares, grupos profissionais, religiosos, desportivos com interesses próprios. Quando pensamos como agir politicamente, isto cria tensões que têm que ser consideradas à luz do princípio da subsidiariedade. Dado o nosso contexto, de transição ecológica, o que deve ser decidido por instituições sociais e políticas comuns, como o Estado, e o que deve ser decidido em esferas mais particulares? O que é que tenho o direito a decidir só por mim?  

 

P. Manuel Cardoso SJ 

Prestes a terminar um doutoramento em estudos políticos na École des hautes études en sciences sociales, passou primeiro por Moçambique e só depois chegou a Paris. As suas áreas de interesse principais são a articulação entre o Estado e as comunidades religiosas e as questões de justiça distributiva.  

 

Duração: 1h30
Preço: 15€