«O estado em que se encontra a Igreja Católica contemporânea em muito se assemelha àquela situação anterior à Reforma [protestante]… A imagem das igrejas fechadas e vazias durante a pandemia de coronavírus foi para mim um profético sinal de alarme: em breve, este poderá muito bem ser o estado permanente da Igreja se ela não passar por uma profunda transformação». A análise é do pensador católico checo Tomáš Halík, que iremos explorar no seu mais recente livro A tarde do cristianismo. O tempo da transformação. Num primeiro momento, apresentamos o diagnóstico que aí se faz da crise, enquanto fim de uma era para a Igreja, que aprofundamos com outros autores como Michel de Certeau, Ghislain Lafont, Elmar Salmann. Discutimos, depois, a força profética deste “sinal de alerta”, procurando entrever traços promissores de outra forma eclesial que seja capaz de realizar a força do Evangelho num contexto cultural plural e secular.
Programa
Dia 1
«Este nosso tempo não é apenas uma época de mudanças, mas uma verdadeira mudança de época» (Papa Francisco): o diagnóstico da crise que expõe o fim de uma era para a Igreja.
Dia 2
«Ainda não encontrámos a “forma” que nos possa permitir avançar de modo mais livre e expedito» (Ghislain Lafont): a forma gregoriana-tridentina e os traços enformadores herdados do Concílio Vaticano II.
Dia 3
«O Cristianismo encontra-se em busca de um novo lar e de novas formas de expressão numa sociedade pluralista pós-moderna e pós-secular» (Tomáš Halík): que forma poderá tomar o cristianismo do futuro?
Bibliografia recomendada
Tomáš Halík, O tempo das igrejas vazias (Prior Velho, Paulinas, 2021); A tarde do cristianismo. O tempo da transformação (Prior Velho: Paulinas, 2022).
Michel de Certeau, Le christianisme éclaté (Paris: Seuil, 1974).
Ghislain Lafont, Imaginer l’Église catholique (Paris: Cerf, 1995).
Elmar Salmann, A vitalidade da bênção (Braga, AO, 2017).
P. José Frazão Correia SJ
Nasceu em 1970 e é jesuíta deste 1995. Depois de estudos superiores em filosofia e teologia em Lisboa, Braga, Roma e Paris, doutorou-se em teologia em teologia fundamental, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, sob orientação de Elmar Salmann. Foi professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, nos polos de Braga e do Porto. Foi Provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus. Atualmente, faz parte da equipa da Brotéria, sendo diretor da revista homónima.