A Biblioteca da Brotéria

A biblioteca da Brotéria nasceu nos anos 1930, ligada aos jesuítas que viviam na chamada Casa de Escritores. Nasceu de uma forma muito simples, partindo das necessidades de temas e inquietações sociais, políticas, literárias e culturais que a revista Brotéria levantava. Desde 2021, um ano depois de nos mudarmos para o Bairro Alto, temos vindo a restaurar grande parte do nosso Fundo do Livro Antigo, com o atelier de restauro Salv'Arte. Todas as terças e quartas entre as 10h e as 13h, as Salv'Arte têm o atelier aberto cá em casa para ser visitado.

 

Em 2024, o Prémio Gulbenkian Património — Maria Tereza e Vasco Vilalva foi atribuído à biblioteca da Brotéria. Estamos radiantes. A recuperação da nossa biblioteca só foi possível porque uma entidade privada, Jerónimo Martins, aceitou ser patrocinador principal da biblioteca; porque uma ordem religiosa, a Companhia de Jesus, ofereceu os livros à Brotéria; porque a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nos permitiu usar um edifício onde pudemos acondicionar dignamente e disponibilizar ao público os nossos fundos; e porque o município de Lisboa apoia o nosso funcionamento. Sem estes parceiros nunca teríamos chegado aqui, a nossa gratidão é imensa!

 

 

Sobre o movimento dos animais

 

Giovanni Alfonso Borelli (1608-1679), físico e matemático italiano, natural de Nápoles, é habitualmente conhecido como o Pai da Biomecânica ou ciência que estuda a mecânica na sua vertente relacionada com o movimento dos organismos vivos. Primeira edição da sua obra mais importante — De motu animalium, ou Sobre o movimento dos animais — na qual o autor aplica à biologia os métodos desenvolvidos por Galileu no campo da mecânica. Borelli estudou e calculou as forças que intervêm no equilíbrio e movimento do corpo humano e no dos animais, sete anos antes de Newton publicar as suas famosas Leis, nos Principia mathematica. Borelli viria a morrer em Roma, a 31 de Dezembro de 1679, sem ver o seu livro publicado, mas a originalidade e o valor da sua obra científica continua a inspirar investigadores e cientistas até aos nossos dias. A maior honra atribuída pela Sociedade Americana de Biomecânica é o prémio Giovanni Borelli.


Giovanni Alfonso Borelli
De motu animalium
Romae, Ex Typographia Angeli Bernabo, 1680-1681 (2 vol.)

Podem requisitar o livro aqui.

 

 

Carmo Oliveira2Y5A7063 copy

 

 

Os Conimbricenses 

 

São conhecidos como Conimbricenses, os seguintes oito títulos que integram comentários dos jesuítas Manuel de Góis (nº 1 a 7) e Sebastião do Couto (nº 8) a outras tantas obras de Aristóteles, publicados pela Companhia de Jesus, em Coimbra e em Lisboa, entre 1592 e 1606:

1 — In octo libros physicorum. Coimbra, 1592;
2 — In quatuor libros de coelo (Lisboa, 1593);
3 — In libros meteorum (Lisboa, 1593);
4 — Qui Parva Naturalia, [etc.] (Lisboa, 1593);
5 — In libros ethicorum (Lisboa, 1593);
6 — In duos libros de generatione et corruptione (Coimbra, 1597);
7 — In tres libros de anima (Coimbra, 1598);
8 — In universam dialecticam (Coimbra, 1606).

 

Os Conimbricenses conheceram um enorme sucesso editorial por toda a Europa, tendo sido reeditadas em Veneza, Lyon, Colónia, Hamburgo e Mogúncia, um grande número de vezes vezes e mantendo-se como manuais nos colégios jesuítas durante todo o século XVII. Grandes figuras da cultura ocidental estudaram pelos Conimbricenses, nomeadamente Descartes, Voltaire, Locke, Leibniz e até Karl Marx. Foi também pela mão dos missionários jesuítas e dos Conimbricenses que Aristóteles chegou à China e ao Japão. Encadernação da época, inteira de pergaminho rígido.

 

Aristóteles
Commentarii Collegii Conimbricensis societatis Jesu, in octo libros Physicorum Aristotelis stagiritae, prima [& secunda] pars...,
Coloniae, Impensis Lazari Zetzneri, 1599 (2 tomos em 1 vol.)

Podem requisitar o livro aqui.

 

 

Poemas dedicados à Rainha Santa Isabel

 

Colectânea de poesias e um texto em prosa, em latim, portuguez, castelhano e italiano, dedicadas pela Universidade de Coimbra à Rainha Santa Isabel de Aragão (1271-1336), casada com o Rei D. Dinis, publicadas por ocasião da sua canonização, ocorrida em 1625, pelo papa Urbano VIII. A edição foi patrocinada por D. Francisco Brito de Meneses (†1631), reitor da Universidade e ostenta as suas armas, gravadas a talhe-doce, na página de rosto. De salientar, entre outros, o poema intitulado Pro Diva Elisabetha Regina Lvsitaniæ recens consacrata: poema epicum, siue heroicum, da autoria de Fr. Francisco de Santo Agostinho de Macedo, OFM (1596-1681), diplomata e humanista, que viria a ser figura notável da Restauração e no qual o autor faz desfilar todos os soberanos portugueses, cantando as suas virtudes, mas omitindo deliberadamente os três Filipes. A Rainha Santa Isabel de Aragão é a padroeira da cidade de Coimbra.

 

Sanctissimae Regina Elisabethae poeticum certamen dedicat, & consecrat Academia Conimbricensis.Iussu Illustrissimi D. Francisci de Britto de Menezes à Consilijs Catholicæ Maiestatis, & eiusdem Academiæ Rectoris.
Conimbricae, Typis & Expensis Didaci Gomez de Loureyro, 1626.

Podem requisitar o livro aqui.

 

 

 

Ana Paganini DSC02552 (2021-05-05T15_40_23.270) copy

 

 

Patrocinador principal da Biblioteca:

JM_Logo_Dusk_Blue_CMYK