Uma ferida com 500 anos
sem a qual a Brotéria não existiria.

Este ano, por todo o mundo, a Companhia de Jesus celebra os 500 anos do início da conversão de Santo Inácio de Loyola, após ter sido ferido em Pamplona durante uma batalha. Tal como esse momento permitiu a Santo Inácio começar a ver todas as coisas com olhos novos, assim também a Brotéria procurará ao longo dos próximos meses olhar para a realidade de um modo renovado — com um pensamento aberto e não rígido, com esperança e perseverança, mas sem a ingenuidade de encarar os problemas complexos do mundo como se fossem de simples solução.

Reconhecemos que vivemos num mundo ferido. Não queremos, contudo, olhar para o mundo de forma anestesiada, perdendo a sensibilidade, prolongando infinitamente o sofrimento provocado pelas feridas. Como lembra o Papa Francisco, quando as “feridas, ainda remediáveis, são descuidadas, agravam-se: transformam-se em prepotência, hostilidade, desprezo. E a este ponto podem tornar-se lacerações profundas”.

Cientes de que não poderemos olhar para todas as fragilidades deste mundo, refletimos sobre algumas das feridas que se abrem para a nossa existência. Procuraremos fazê-lo numa atitude desassossegada, de incompletude e criatividade, promovendo a imaginação que levará a construir uma realidade mais justa e humana.

 

— P. Francisco Mota SJ
diretor geral da Brotéria