Há algum tempo que os termos “metaverso”, “algoritmos” e “blockchain ” vão aparecendo nas mais diversas ocasiões e nos contextos mais variados. Uma simples pesquisa sobre o tema na web revela o crescimento vertiginoso de artigos, links, vídeos, blogs. O metaverso, em particular, tem sido, nos últimos anos, destino, por parte de empresas tecnológicas, de enormes investimentos financeiros, de modo a tornar possível tecnologicamente o que há bem pouco tempo era só objeto de ficção científica. Conscientes da complexidade do tema, que em muitos aspetos ainda só está no campo das possibilidades, o artigo procura reconstruir a história, explicitar o significado, apresentar algumas possíveis aplicações e enunciar pontos críticos em jogo.
A Brotéria entrou em 2023 com o desejo de cultivar a atenção a bons lugares e de se implicar na sua construção e no seu cuidado. Explorando este filão, identificam-se quatro parábolas para o desenho de um bom lugar, quatro coordenadas para reconhecer, edificar e cultivar lugares bem situados. Valem tanto para o registo pessoal e existencial como para o comunitário, o político ou o eclesial: a origem reconhecida como promessa e motivo de memória grata; o porvir que atrai como melhor que ainda está para vir e que empenha a liberdade; a altura como abertura ao transcendente que ressoa em apelos que convocam, provocam e pedem responsabilidade; o fundo da finitude e dos limites a reconhecer e a confessar com humildade. “Parábola” evoca o lugar geométrico, mas, sobretudo, as narrativas evangélicas breves que convocam e condensam as dimensões e as dinâmicas mais elementares da existência humana.
Com o novo governo do Presidente Lula e Alianças no Brasil, apresentam-se perspetivas, limites e possibilidades, possíveis estratégias e ações para a ação governativa socioambiental Pan-amazónica, na defesa dos direitos dos Povos Originários e em sintonia com os compromissos ambientais propostos na COP-27. Perante os imensos desafios a enfrentar, o atual cenário brasileiro requer do governo ações de incidência transformadora no cuidado da Casa Comum. Espera-se que nos próximos anos de mandato sejam implementadas políticas ambientais em defesa de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, garantindo a sobrevivência das gerações futuras. A luta contra a crise climática sairá beneficiada se o Brasil retomar o seu protagonismo mundial nesta causa.
A recente morte do Papa Bento XVI no passado dia 31 de dezembro e a carta que o P. Geral dos Jesuítas, Arturo Sosa, es-creveu nesse dia a toda a Companhia de Jesus, levam-nos a fazer uma retrospetiva das relações de Bento XVI com os jesuítas. Pela proximidade e admiração que tinha por muitos jesuítas e pela sua ação pastoral e intelectual, conhecia a Companhia «nas suas forças e nos seus limites». As relações que estabeleceu ao longo do seu curto pontificado ficaram marcadas por alguns momentos de incentivo, mas também por outros de advertência, como ficou patente nas intervenções antes e depois da XXXVª Congregação Geral, em 2008. Bento XVI deixa como legado um testemunho de humildade e de liberdade interior e um olhar contemplativo sobre a Igreja e o mundo, que se enquadra bem com alguns dos princípios da espiritualidade dos jesuítas e das suas prioridades apostólicas.
Após apresentação, em setembro de 2018, do documento denominado MHG-Studie, sobre os abusos sexuais na Igreja da Alemanha, a respetiva Conferência Episcopal decidiu ser necessário e urgente percorrer um caminho de conversão e de renovação, tomando a iniciativa, aprovada em março de 2019, de colocar em curso o que denominou “Caminho Sinodal”. Trata-se de um processo anterior e independente do caminho sinodal entretanto impulsionado, a nível global, pelo Papa Francisco, a partir de outubro de 2021. O processo sinodal da Igreja alemã viria a concentrar-se em quatro grandes áreas temáticas: o poder e o seu exercício na comunidade eclesial; o perfil do presbítero; a mulher na Igreja; a sexualidade. Neste artigo aborda-se o conteúdo dos quatro documentos produzidos sobre cada umas das áreas temáticas, com alguns comentários críticos finais.
Comemoram-se, no corrente mês de fevereiro, três anos da Exortação Apostólica Querida Amazónia (QA), do Papa Francisco, que deu seguimento ao Sínodo para a Amazónia, decorrido entre 2017 e 2019. Colocando-se no processo nascido com a Encíclica Laudato Si’, 2015, reforçou-se a urgência da conversão, a partir de quatro sonhos, social, cultural, ecológico e eclesial ,retomados como estrutura central de QA. O artigo revisita o processo sinodal e os seus principais documentos, Instrumentum Laboris, Documento final e QA, para terminar com um ponto de situação das mais de cem propostas reunidas no documento final do Sínodo: as mais significativas que estão a ser implementadas com a colaboração das Igrejas locais, das conferências de bispos e dos organismos e redes que trabalham na região, e as mais sensíveis que ainda não avançaram.
A análise política e sociológica da arte foi um dos grandes projetos de Walter Benjamin durante a década de 1930: daí datam trabalhos importantes como “Breve História da Fotografia”, “O Autor Como Produtor” ou as diferentes versões de “A Obra de Arte na Época da sua Possibilida-de de Reprodução Técnica”, culminação da sua leitura das mudanças artísticas e percecionais sediadas no desenvolvimento tecnológico. De 1936 data o ensaio “Carta de Paris (2)”, que parte do debate então a ter lugar sobre o espaço político da arte, em particular a pintura. Recupera duas ocasiões desse debate: um congresso internacional em Veneza em 1934, e um ciclo de conferências em Paris em 1936. Menos extenso do que os restantes textos mais importantes, não deixa de ser uma interessante adenda ao trabalho desenvolvido nesta época, com o trunfo de terminar em reflexões um pouco idiossincráticas no contexto da estética benjaminiana.
Dimensões
15 x 23,4
Nr de páginas
114
ISSN
0870–7618