Volume 194-5/6, Maio-Junho

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António Ary SJ

Com a promulgação da constituição apostólica "Praedicate Evangelium", o Papa
Francisco concretiza a reforma da Cúria Romana, há muito preparada e aguardada. A reforma assume como princípio
inspirador a “missão”. A “conversão missionária” da Igreja, inseparável do tema da sinodalidade, exige maior articulação das
diversas estruturas de governo, nos seus diferentes níveis, universal e local, e na sua capacidade de espelhar a diversidade do
Povo de Deus, geográfica e cultural, assim como a pluralidade dos carismas e vocações. Mais do que mudanças exteriores,
a reforma convida a uma transformação interior, verdadeira conversão a que todos, sem exceção, são chamados na Igreja.


Eduardo Jorge Madureira Lopes

A invasão russa da Ucrânia coloca desafios complexos a quem pretende estar devidamente informado sobre o que está a suceder. A desinformação, nas suas múltiplas facetas, é vulgar e agrava-se em períodos em que a História se acelera. Os procedimentos manipulatórios, todavia, diversificaram-se e requintaram-se. Mas é crucial saber diferenciar a boa da má informação. Para que a distinção se consiga fazer, pode valer a pena observar as fábricas em que uma e outra se produzem.


Kathy Rousselet

A invasão da Ucrânia pelo exército russo encerra inegavelmente uma componente religiosa. No seu discurso do dia 21 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin mencionou o apoio que o Estado Ucraniano teria dado ao “cisma” que se vive atualmente na ortodoxia ucraniana e referiu as discriminações que estaria a suportar, hoje, a Igreja ortodoxa ucraniana dependente do patriarcado de Moscovo. As tomadas de posição do patriarca de Moscovo a propósito da invasão da Ucrânia suscitaram numerosas reações. É importante decifrar o imaginário subjacente, apoiado na noção de “mundo russo”, e compreender as diferenças relativas à posição de correntes religiosas mais nacionalistas, próximas do poder político.


Ana Gomes

Timor-Leste tornou-se independente no dia 20 de maio de 2002, dois anos e oito meses depois do referendo organizado pelas Nações Unidas, a 30 de agosto de 1999. Apesar das intimidações, o povo timorense mobilizou-se e votou massivamente, escolhendo a via da libertação contra um “estatuto de autonomia” que prolongaria a sujeição aos ocupantes
indonésios. Desde então, o processo político tem vindo a expor divergências e contradições, assistindo-se a um desfilar de arranjos políticos inconsequentes. O progresso do país é inegável, mas os desafios continuam preocupantes. Impõem-se escolhas aos líderes políticos timorenses, tais como a passagem do poder às gerações mais novas, felizmente, já habilitadas com significativas experiência e preparação.


André Costa Jorge, Filipe Doutel

A avaliação qualitativa do acolhimento de refugiados em Portugal opta, neste artigo, por dar voz aos refugiados, não só porque são parte fundamental do processo mas também porque falta informação estatística específica. A fase de grande crescimento quantitativo do acolhimento em Portugal, em 2016, foi sustentada em voluntarismo, amadorismo e inexperiência, quer do Estado, quer da Sociedade Civil. A comunidade de refugiados, também ela em crescimento quantitativo substancial
e, cada vez mais, bem informada, poderá colaborar na melhoria do acolhimento em Portugal.


Maria Manuel Araújo Jorge

O corpo motiva a reflexão sobre o poder biotecnológico. Desde há muitos anos que a biologia procura não só uma análise da unidade básica da vida, a célula, mas também, aliando-se à tecnologia, “construir” seres vivos desenhados de uma forma perfeita. Este desejo parece estimular mais a acção que a reflexão sobre aquilo em que o poder de fazer parece tornar-se: o dever de fazer. Se no mundo da investigação há quem permaneça atento ao grande desafio actual de fazer boa ciência, procurando o bem do ser humano, por outro lado, em nome do mesmo fim, há escolhas e horizontes problemáticos. O primeiro “bebé-proveta”, a primeira ovelha clonada e o HGP mostram que se pode “mexer no corpo”, pretendendo fazer melhor que a natureza, numa realidade tão prometedora como inquietante. Ficam, porém, questões aberto: de que vida e de que corpo se fala?; o que ficou de fora de uma “cultura da vida”?; que diálogos é urgente entabular?


Maria Manuela Restivo

Procura-se desenvolver uma breve reflexão sobre a presença do imaginário rural na criação artística contemporânea portuguesa, mais concretamente, no território das artes visuais. Através de uma definição do mundo rural e da ruralidade enquanto conjunto de objetos e práticas culturalmente situados, são exploradas duas obras de dois artistas contemporâneos, procurando perceber que visões e narrativas da ruralidade são detetadas nas suas práticas artísticas.


Manuel Ferreira SJ

A literatura moçambicana nasceu e vem-se desenvolvendo bem contextualizada, incarnada e comprometida, com raízes profundas no coração e na alma de um povo vítima secular dos abusos de um sistema
colonial e não só. Muito antes da Luta Armada pela Independência Nacional, esta Literatura, com as armas da razão e da beleza, foi oferecendo o seu contributo verdadeiramente eficaz. Uma Literatura de Guerra e de Paz, de opressão e de libertação.


Dimensões
15 x 23,4

Nr de páginas
128

ISSN
0870–7618