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Volume 196 - 1, Janeiro 2023

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Stella Morra

É mesmo preciso refletir teologicamente sobre a identidade sexuada? Será uma certa moda do tempo ou há aqui algo de verdadeiramente significativo para a antropologia teológica? Por um lado, temos a evidência prática de que todos somos homens e mulheres, de que existimos numa diferença habitada; por outro lado, no âmbito teológico, há um enorme si-lêncio teórico. Querendo contribuir para romper tal silêncio, explora-se a interligação entre biografia, reflexão e linguagem a partir de três palavras: “rosto”, “género”, “diferença”. Parte-se da tese de que qualquer reflexão teológica sobre a identidade humana deve considerar o conjunto de interligações formado pelos dados biológico, simbólico e social. Têm-se consciência de que a introdução da categoria “género” na reflexão sobre a identidade sexuada se confronta com o facto da teologia ainda se encontrar bastante impreparada para a usar, essencialmente por desconhecimen-to e desconfiança.


Francisco Sassetti da Mota SJ

No meio de toda a ambiguidade e contra-dições que encontramos no mundo, a rea-lidade do nosso tempo continua a conter elementos concretos de esperança. Na Brotéria, confiamos que o desejo de encontrar e mostrar esses elementos, esses lugares portadores de bem e de bondade, tem capacidade para abrir a porta a grandes transformações. Os bons lugares existem e são abundantes. Assim, em 2023, mais do que resolver temas, interessa à Brotéria construir um modo de encarar a realidade que abre caminhos de vida nos tempos incertos que vivemos. Podemos ao longo deste ano contribuir para reconhecer no nosso mundo lugares que são portadores de esperança? Lugares nos quais a expetativa se concretiza? Lugares bons, eutópicos, impregnados de vida e de futuro? 


Cátia Batista

Como promover o crescimento económico e, assim, combater a pobreza numa sociedade envelhecida e com falta de trabalhadores? A imigração é provavelmente um ingrediente necessário para este propósito. Muitos dos imigrantes que chegam à Europa fogem a situações desesperadas de pobreza e à falta de oportunidades de trabalho em África. Põem, por isso, conscientemente, em risco as próprias vidas para aqui chegar. Como garantir a sua dignidade e contribuição produtiva para o país de acolhimento? Quais as melhores políticas de migração para garantir estes objetivos? A evidência baseada em estudos económicos recentes sugere que devem ser dadas alternativas claras de migração legal aos jovens que procuram trabalho na Europa – e que devem depois ser acolhidos de forma a assegurar a sua dignidade e, deste modo, também a sua melhor contribuição para dinamizar a economia do país de acolhimento e também do seu próprio país de origem.


Afonso Espregueira SJ, Rita Sacramento Monteiro

A Economia de Francisco, que partiu de um convite do Papa Francisco, em maio de 2019, aos jovens economistas, agentes de mudança e empreendedores de todo o mundo, tornou-se, nos últimos anos, um movimento com o objetivo de abrir caminhos para uma nova economia. As características desta economia inspiram-se no Evangelho e na vida de São Francisco de Assis. A sua visão é ser uma economia humana, inclusiva e sustentável. Pretende-se iniciar processos que possam traduzir-se numa nova economia que cuide das pessoas e do planeta, em particular dos mais vulneráveis. Esta nova economia procura, por isso, novos modelos, métodos de investigação, iniciativas e projetos concretos que, em diálogo com a realidade e as metodologias existentes, possam transformar o paradigma dominante.


Cristina Sá Carvalho

O rumo que tomaram os sistemas económicos e políticos tem favorecido a afirmação de uma cultura individualista e tecno-crática: promove a fragmentação social e a rutura da solidariedade comunitária e provoca desigualdades profundas e violência, contribuindo para uma crise antropológica que coloca em risco a humanidade e o planeta. O Papa Francisco tem promovido uma ampla reflexão no sentido de favorecer a redefinição de cidadania a partir da misericórdia. Será preciso compreender a realidade, convocar pessoas e sociedades para a adoção de um estilo de vida pautado pelo acolhimento, a proteção, a promoção e a integração dos pobres, de quem está nas margens, de quem é mais frágil e não tem voz. A misericórdia como categoria política aponta para um padrão de desenvolvimento integral, de inclusão plena de todas as pessoas, promovendo a fraternidade e a justiça perfeita e devolvendo a plena cidadania aos que dela foram espoliados.

Jorge Cotovio

O ensaio decorre da edição do livro Sousa Franco e a liberdade de educação, promovido pela Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) e apresentado na UCP, a 21 de setembro de 2022, o dia em que António Sousa Franco comemoraria o 80.º aniversário do seu nacimento. Aproveitando esta oportunidade, pretende-se falar da liberdade de educação, situando-a no momento presente, como resultante de avanços e recuos do passado. Com a ponderação devida, procura-se olhar as perspetivas futuras e o papel que as escolas católicas podem desempenhar nesta causa que tantas fraturas tem criado na sociedade portuguesa, mau grado ser uma liberdade, a última, de entre as constitucionais, ainda não conquistada.


Rui Fernandes SJ

Apresenta-se uma proposta experimental para a pedagogia da fé, feita no contexto da paróquia algarvia de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, atualmente confiada aos jesuítas. O texto começa por situar este desafio no contexto cultural ocidental, tendo em conta a sua postura perante o fenómeno religioso. Analisa-se, em seguida, o documento recente da Conferência Episcopal Portuguesa para a catequese. Finalmente, resumem-se os eixos fundamentais da nova metodologia que se está a introduzir.


Simão Lucas Pires

Em que sentido podemos dizer que o ser humano é grande, sem ficarmos a nadar ridiculamente dentro da palavra? Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a plenitude não é só uma ideia utópica. É a ideia-motriz da existência, bem como o juiz implacável de cada um dos nossos estados. Se continuamos dia após dia em movimento, a perseguir novos objetivos e arregaçar as mangas para extrair algum sentido desta história, é porque a nossa medida interior reclama sempre mais do que já adquirimos. E se, nos momentos em que não estamos distraídos com o exterior ou com as projeções imaginárias do futuro, paramos no presente e damos de caras com o nosso próprio vazio, é porque ela, mesmo diante de façanhas grandes e honrosas, insiste em dizer-nos do alto da sua exigência: “ainda não – ainda não estás lá!"

Friedhelm Mennekes SJ

A historiadora de arte Cecilia Alemani envolveu na 59ª Bienal de Veneza de 2022 muitos artistas de todo o mundo. Nas duas partes principais da exposição estiveram 213 artistas, provenientes de 58 países, com 1500 obras de arte. Os artistas masculinos foram apenas 10% do total. No que diz respeito aos conteúdos, a exposição interessou-se pela representação de corpos e das suas metamorfoses, pelas relações entre indivíduos e tecnologia e entre corpo e terra. Por meio desta reconfiguração, a Bienal encontrou caminhos e formas de comunicação marcados por grande novidade, que poderão determinar o futuro deste tipo de exposições.


Dimensões
15 x 23,4

Nr de páginas
138

ISSN
0870–7618