A educação para a sexualidade sempre foi um desafio para pais e educadores. Vivemos numa sociedade sexualizada, onde o sensual e o erótico emergem frequentemente. Neste contexto, os pais questionam-se como conseguir uma educação para a sexualidade ajustada ao mundo atual, em sintonia com os valores que consideram essenciais para os filhos, mas numa sociedade cheia de contravalores – ao mesmo tempo, que cresce um certo desconforto sobre o papel da escola, da família e do Estado na educação para a sexualidade das nossas crianças e jovens. O espaço dos pais e da família na educação para a sexualidade é intocável e insubstituível. O que não se fizer ficará por fazer.
Património e Educação foi o tema escolhido para as Jornadas Europeias de Património para este ano de 2020, que decorrem nos dias 25, 26 e 27 de setembro. Conforme foi anunciado pelas entidades promotoras destas jornadas pretende-se com este tema sensibilizar para o papel do património na educação e para o papel da educação no património, para a riqueza e para a complexidade desta relação – na literatura, nas artes, nos monumentos, na dança, no teatro, na paisagem, nos jogos, nos museus, na fotografia, nos sítios arqueológicos ou na música, entre muitos outros. A Companhia de Jesus, de cuja fundação se celebram precisamente no dia 27 de setembro, 480 anos, deixou um considerável património educativo, material e cientifico no nosso país que testemunha essa relação entre Património e Educação.
No século XXI, o continente africano tornou-se a frente mais visível da guerra contra o terrorismo. Uma tempestade perfeita combinando territórios remotos, fronteiras porosas, estados frágeis, elevados índices de pobreza, desemprego jovem e clivagens identitárias transformou regiões como o Sahel, o Corno de África ou a costa Suaíli em terreno fértil para grupos terroristas. Também a província de Cabo Delgado, em Moçambique, está desde o Outono de 2017 refém da violência e do medo gerados por uma vaga de ataques terroristas perpetrados pelo Ansar al-Sunna, que resultaram já em mais de 1000 mortos e 250.000 deslocados. Tal como o Boko Haram ou a al-Shabaab, as origens, composição, estratégia e discurso deste grupo evidenciam não apenas motivações políticas e económicas, mas também o encontro entre velhas reivindicações e novos meios de comunicação e recrutamento, e a síntese entre dinâmicas locais e tendências globais.
Com este curto ensaio, pretende-se examinar o pensamento aristotélico para mostrar como numa sociedade pré-cristã já a lógica retributiva ou vingativa da aplicação de penas era desconsiderada; como Aristóteles ajuda a fundamentar a ideia de que todas as pessoas são mais do que os seus erros e que ninguém é irrecuperável, ainda que para esta segunda ideia se tenha de resolver algumas inconsistências. Espero também que, com uma leitura aristotélica sobre a aplicação de penas, se compreenda melhor que a condição da reintegração social é a reabilitação moral; e que essa reabilitação moral se dá num processo interior complexo, que exige socialização.
O dever de abstenção visa proteger as pessoas, as famílias e as associações de uma acção abusiva das instâncias sociais superiores. Todas as formas de centralização, burocratização e assistencialismo denotam uma presença injustificada do Estado que atenta contra o respeito devido ao primado da pessoa, da família e da sociedade civil; que desconsidera a função social dos corpos intermédios e da iniciativa privada; que põe em risco a articulação pluralista da sociedade civil e uma gama vasta de direitos humanos; e que, por fim, cria um desequilíbrio entre a esfera pública e privada. Não é difícil entender as razões que alicerçam o dever de abstenção do Estado na ordem social e económica. Contudo, o problema surge quando se procura conjugar este dever com o sentido positivo de ajuda económica, institucional e legislativa oferecida às entidades menores. Esta ajuda deve traduzir-se em apoio, promoção e incremento. Ora, isto levanta uma dificuldade, porque uma coisa é dizer que o Estado apoia, outra bem distinta é dizer que o Estado promove e incrementa.
Francisco de Arruda Furtado (1854-1887) nasceu na ilha de S. Miguel, num tempo em que as ilhas começavam a ser entendidas como “laboratórios” da evolução, depois da publicação de A Origem das Espécies (1859) por Charles Darwin. Com uma formação científica informal, Furtado declara-se discípulo de Darwin. E, a partir de 1880, protagoniza em Ponta Delgada uma rara experiência de apropriação científica do evolucionismo darwinista, desenvolvendo práticas laboratoriais de anatomia comparada e tecendo análises inovadoras acerca das espécies dos moluscos terrestres dos Açores. Apesar de uma vida repleta de dificuldades, consegue alguns apoios locais decisivos, e realiza duas grandes aspirações: troca correspondência com o seu ídolo e Mestre, Charles Darwin, e, em 1885, é contratado para o Museu Zoológico de Lisboa, na Escola Politécnica, pelo seu diretor, o zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.
Será que a Internet e os sistemas digitais funcionam como um cérebro? Será que um dia irão substituir o nosso cérebro? Com estas duas provocações pretendemos fazer um paralelismo entre a Internet e o cérebro humano. Deste paralelismo partiremos para uma avaliação a partir da Neuroética. Vivemos uma fase crucial de inculturação da Internet nas nossas sociedades. Este é por isso o momento privilegiado para uma abordagem multidisciplinar, rigorosa e extensa sobre os diferentes tipos de uso da Internet e sobre a forma interagem com a cognição humana. Esta nova abordagem terá dois tipos de consequências na área da neuroética: “externas” na potencialização desta nova ferramenta da humanidade de maneira benéfica; e “internas”, na medida em que pode ser a chave da solução para o problema atemporal do diálogo interdisciplinar entre a ciência e a bioética.
Uma abordagem preambular ao livro de Sonetos Completos de Antero de Quental, publicado em 1886, e permitirá uma compreensão de como o Poeta via esta obra. Pela leitura de dois sonetos escolhidos, apontar-se-ão temas que constituem linhas estruturantes da poética sonetística anteriana, como o ambiente nocturno, o sonho, a angústia, o contacto (ou a tentativa de estabelecer diálogo) com entidades sobrenaturais e a relação com o transcendente, o inefável, assim como determinar-se-á um conflito entre a acção da razão e os sentimentos do sujeito poético, origem de um drama psicológico.
Guerra Junqueiro e Amália Rodrigues partilham hoje, lado a lado, a mesma sala, no Panteão Nacional. Dir-se-ia uma curiosa coincidência, uma vez que, como Amália Rodrigues declarou a Vítor Pavão dos Santos, no livro biográfico Amália (1987): “Os primeiros versos de mais qualidade que cantei foram ‘As Penas’, do Guerra Junqueiro. Vi aquele poema publicado num jornal, gostei e cantei. Isso foi há muito tempo, porque, em 1945, gravei ‘As Penas’, no Brasil. Como o meu poder de escolha era maior, comecei a roubar fados dos livros de poesia.”. Mas trata-se de um equívoco, sendo a composição poética devida ao poeta Fernando Caldeira (1841-1894), amigo, de resto, do poeta de Freixo de Espada à Cinta. Para não ir mais longe, na grande homenagem de 2001 a Amália, quando foi sepultada no Panteão Nacional, Jorge Sampaio arrolou Guerra Junqueiro entre os poetas cantados pela grande fadista e não faltam hoje testemunhos de que o equívoco prossegue o seu caminho.
As manifestações mais vanguardistas e simultaneamente mais tradicionais do contemporâneo recorrem ao silêncio, que surge no intervalo de outras coisas, mas também marca o princípio e o fim de fenómenos. Apesar da sua reverberação estética, existe enquanto prolongamento de um estado, como repetição. O silêncio é repetição, é continuidade, é antecipação e premonição, é princípio e é final aberto, e nisto, parte de nós e, claro, é superior à nossa compreensão concreta dada a sua vastidão absoluta. Mas enquanto participante da experiência social e artificial, faz parte da realidade artística no cruzamento de várias ideias e de distintas artes, preocupado com o Futuro, Presente e Passado em igual medida, enquanto observador participativo num processo de fluxo contínuo.
Dimensões
15 x 23,4 cm
Nr de páginas
99
ISSN
0870-7618