Há 120 anos, quando foi fundada a Brotéria, era recente uma ideia sobre o clima do químico sueco Arrhenius, segundo a qual havia uma relação entre o aumento de gases de efeito de estufa emitidos pelo homem e a subida da temperatura da Terra. Hoje em dia, quando a comunidade científica, tendo confirmado essa hipótese, alertou para a enorme ameaça que o dito aquecimento representa para o futuro da Terra, o Papa Francisco pronunciou-se sobre a questão na Encíclica Laudato Si’. Partindo do consenso científico, o Papa apresentou uma visão alargada do problema. Nesta questão, tal como no caso do “inverno nuclear” de Carl Sagan, o diálogo entre ciência e religião é não só possível como necessário.
A 13 de Março de 2013, o Cardeal Bergoglio, jesuíta, foi eleito Papa. Escolheu S. Francisco como inspiração para o seu pontificado, mostrando que o santo de Assis era quem melhor exprimia o que desejava ser e fazer, qual símbolo para a reforma da Igreja no séc. XXI: viver a alegria do Evangelho fora dos esquemas do poder clerical. Quando passam nove anos, evocam-se, com entusiasmo, traços marcantes deste pontificado, começando pelo alcance programático da escolha do nome Francisco, passando por realizações já alcançadas, para terminar em sonhos ainda em suspenso.
Portugal está a ficar para trás na União Europeia. Por que razão isto acontece e o que é que se pode fazer para o remediar? Responder a estas perguntas é simultaneamente mais fácil e mais difícil do que parece. É preciso dizer que já somos um país rico. Por terrível coincidência, ou talvez não, foi quando entrou para a classificação de rico do Banco Mundial que Portugal começou a sua estagnação relativa, que se tem mantido desde então. A falta de capital é a origem principal da nossa situação e este elemento está precisamente no centro da visão económica nacional desde que somos um país rico. A cura para este problema passa por voltar aos hábitos de rigor, economia, trabalho e empreendimento que permitiram aos nossos pais e avós entrar na Europa e chegar a ser ricos.
Como uma ilha no mercado, qual o futuro para o Grupo Renascença Multimédia, considerado o meio de comunicação social mais significativo da Igreja portuguesa? Num mundo em rede e com desafios globais, o Grupo Renascença, para além das
suas rádios – Renascença, RFM e MEGAHITS – criou sites, rádios online, uma empresa de formação e eventos e acaba de lançar a POPCASTS, uma plataforma de podcasts. Evangelizadores ou pré-evangelizadores, contra o mundo ou em diálogo com ele, o futuro destes meios depende das opções da Igreja e da sua vontade de manter – ou de conseguir manter –, por esta via, voz ativa, num mundo em evidente transformação cultural.
O que é isso do humano? O que é ser-se humano? Partindo daqui, percorre-se a tradição judaico-cristã e a tradição grega para colher como intuição comum a ambas o “dom” e o “dom de si” como a grandeza humana última. O ser humano é essa entidade, com potencial de crescimento, que é tanto mais grandiosa quanto mais der se si a outro ser humano, constituindo, deste modo, a possibilidade do bem-comum, bem que não é de poucos ou de muitos, mas de todos; bem que não é ideal, mas horizonte de possibilidade do melhor possível para cada um e para todos os seres humanos.
Março: um mês de começos. Recordar a eleição do Papa Francisco e acolher um novo governo para Portugal servem de base a uma reflexão sobre os começos e seus rituais, religiosos e cívicos, evocando épocas em que não se corria efemeramente atrás do tempo, antes o enquadrando de forma simbólica e perene na vida quotidiana e na memória. Uma viagem pelos calendários Romuliano e romano apresenta cada um dos meses pelo seu nome – e por aquilo que ele carrega – e é porta de entrada para uma breve jornada de redescoberta dos começos, que leva da etimologia da palavra pontifex ao tempo dos Pontífices a quem cabia a definição dos tempos, respeitando os ritmos da natureza. Atualmente, o começo do novo ano faz-se com votos semelhantes aos usados pelos romanos, mas muito longe do sentido do sagrado no quotidiano.
O incêndio na Catedral de Notre Dame de Paris emocionou o mundo. O edifício perdeu grande parte da cobertura em carvalho do século XIII, algumas secções da abóbada em pedra e a icónica flecha, desenhada por Violet-le-Duc aquando do grande restauro oitocentista. O presidenteMacron anunciou, de imediato, a sua reconstrução em cinco anos. A reconstrução de um edifício com uma tão grande carga arqueológica, histórica, espiritual e religiosa abre uma problemática complexa. Este artigo aborda dois debates significativos. O primeiro diz respeito à decisão de restaurar a flecha da Catedral tal como estava na véspera do incêndio ou de a redesenhar segundo o espírito e a técnica do nosso tempo. O segundo toca os aspetos qualitativos da atmosfera interior do edifício, indissociáveis da necessária readequação das funções litúrgica e de acolhimento de 12 milhões de pessoas por ano, não sendo fácil a síntese entre o valor histórico e a contemporaneidade.
O que leva alguém a pagar mais de 1.200 € por um relicário com pêlos de um músico vivo? Nada levaria a crer que a antiga devoção religiosa às relíquias sofresse uma reminiscência no século XXI, graças a uma estrela trap do Minho. De concertina
ao peito, bigode e bolsa “Guxi” a tiracolo, Chico da Tina apresenta-se num limbo arguto entre a realidade e a fantasia, através de uma caricatura kitsch que resulta da fusão do seu universo minhoto com as suas influências norte-americanas. Tornou-se de tal modo objecto de devoção, que até os pêlos do seu peito geometricamente aparado mereceram um “Relicário”, em prata, que mais tarde foi leiloado. Será esta uma obra de arte? Para esta discussão interminável, muito contribuem os actuais valores da Arte Contemporânea — «ouro, fun e moral», segundo Yves Michaud —, que romperam com os critérios estéticos tradicionais.
Dimensões
15 x 23,4
Nr de páginas
112
ISSN
0870–7618