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Volume 190-1, Janeiro 2020

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António Júlio Trigueiros SJ

A Brotéria – Centro Cultural que abre portas
neste mês de janeiro no Bairro Alto,
assume o desafio de querer ser o espaço
onde em Lisboa a fé cristã se encontra com
as culturas urbanas contemporâneas. Este
desiderato insere-se numa linha de continuidade
com a atividade cultural dos jesuítas
através da Brotéria, que do colégio
de S. Fiel, na Beira Baixa, passando pelo
exilio no Brasil e em Espanha, pelo seu
regresso a Portugal e pela permanência
durante noventa anos na antiga casa de
escritores da Lapa, atravessou todo o século
passado e chega a este ano de 2020
num novo espaço, com novos horizontes
e um renovado vigor.


Viriato Soromenho-Marques

As leituras mais recentes dos dados objetivos
do estado do Planeta confirmam o
agravamento do ritmo e da intensidade do
processo de alterações climáticas, a componente
mais visível da crise global do ambiente.
Que podem fazer as universidades
para enfrentar e minimizar este problema
ontológico, sem paralelo na história da
humanidade? Esta pergunta é de grande
relevância, mas deve ser precedida de uma
outra que além de anterior ainda é mais
fundamental: onde estiveram as universidades
durante as décadas em que esta
crise ambiental e climática foi acumulando
gravidade até atingir a presente e dantesca
escala que ameaça esmagar o planeta e a
história humana?


Manuel Lencastre Cardoso SJ

As séries são o produto cultural mais relevante
do nosso tempo. A sua importância
é tal que universidades como Harvard ou
Paris têm programas de estudos especificamente
dedicados a elas. De facto, hoje
em dia, não é raro encontrar referências a
séries em discursos de Chefes de Estado,
como aquele em que Barack Obama citou
um personagem da série The Wire; em livros
de política, como o que Pablo Iglesias
e outros politólogos próximos do Podemos
escreveram sobre a Guerra dos Tronos; ou
em textos de filósofos, como Umberto Eco
que ilustra a ideia de “eterno retorno” com
recurso a séries. Por mais surpreendente
que isto possa soar, as séries são um elemento
incontornável, e porventura até
o mais criativo, da produção cultural do
século XXI.


Manuel Braga da Cruz

A vida política portuguesa tem vindo a conhecer uma progressiva degradação, com
o crescente afastamento e desinteresse
dos cidadãos, de que é expressão a elevada
taxa de abstenção nas eleições, com a
crescente perda de confiança nas instituições
políticas que nos governam, com o
abandono da política por muitas pessoas
de valor e com a recusa de cargos políticos,
mal remunerados – quer no governo quer
no parlamento – por pessoas de qualidade.
O sistema eleitoral vigente é em grande
parte responsável por esta situação. A
situação portuguesa exige correção dos
mais graves problemas do nosso sistema,
mediante a adoção de quatro mudanças.


Cristina de Azevedo

Portugal é um dos países mais centralizados
da OCDE. Ainda que muito propalada
por estes dias no nosso país, a reforma do
Estado assente numa operação multinível
de reorganização, é uma revolução em curso
nos últimos cinquenta anos em dois terços
dos países da OCDE. Mas o que deveria
estar em causa devia ser a reorganização
dos vários níveis da administração do Estado
por forma a tornar cada nível mais
eficiente e mais eficaz, ou seja, capaz de
servir melhor os interesses imediatos e/
ou estratégicos das populações nos seus
territórios. Que o tema se arraste desde a
revolução de 1974 e com maior evidência
desde 1998 é um sinal de grave desprezo
pela responsabilidade de procurar os caminhos para melhor servir a população.


Vasco Pinto de Magalhães SJ

Descansar em tempo de atropelos parece
um sonho. Descansar, realmente: como,
quando, com quem? Parece um desejo
fugaz; uma longínqua terra prometida.
Talvez nos ajude fazer a pergunta de contraponto:
donde nos vem o cansaço? E,
para responder, encontramos na sabedoria
mais antiga, e não menos atropelada,
quatro grandes entradas: a Pressa, as Comparações,
o Medo e a Ânsia de ganhar. As
quatro histórias aqui propostas glosam as
narrativas de tipo mítico que ocupam os
primeiros onze capítulos do livro de Génesis
que, afinal, são como que um prefácio:
retratos da condição humana e dos
desafios e pecados de que precisa de ser
salva. Esses quatro quadros, próprios de
uma literatura sapiencial, são como quatro
grandes parábolas sobre a condição humana,
os seus limites, dramas e tentações, de
que precisa de ser avisada para discernir e
encontrar caminho.


Francisco Sassetti da Mota SJ

Há dois temas que ao longo das últimas
décadas têm sido alvo de atenção por parte
de politólogos, eticistas e teólogos morais.
Como se pode educar nas virtudes de uma
maneira cristã – e em especial na relação
com a verdade? E qual a melhor forma de
pensar cristãmente na tradição que recebemos
à luz dos desafios do mundo moderno?
Não sendo questões discutidas habitualmente
no espaço público, são ainda
assim questões que, esperamos, servirão
para despertar a consciência de que vale a
pena pensar seriamente em duas grandes
questões morais com que os nossos tempos
se deparam.


Maria Luísa Ribeiro Ferreira

Apresentamos para o livro de Rute uma
leitura feminina (que não necessariamente
feminista), numa tentativa de destacar um
modo diferente de habitar a Bíblia. Noemi
e Rute são inegavelmente as personagens
centrais deste livro, mulheres fortes que
procuram preservar a identidade numa sociedade
patriarcal que lhes dá pouco poder.
Ambas são autónomas, tomam iniciativas,
fazem planos, são capazes de decisão, orientando
as suas vidas e otimizando os poucos
recursos de que dispõem. Rute e Noemi têm
parte ativa na construção da sua história
individual. Delas podemos dizer que são
fazedoras do seu próprio destino.


Dimensões
15 x 23,4

Nr de páginas
126

ISSN
0870–7618