1

Volume 191-6 Dezembro 2020

5€Digital8€Papel

Adicionado ao carrinho!


Humberto Ayres Pereira

Este artigo reflete sobre as grandes empresas tecnológicas e a discussão em torno do seu poder no mercado. Têm comportamentos anticompetitivos? São ou não são monopólios? E esses comportamentos ou esses monopólios são ilegais? O autor conclui, nesta fase, que estas empresas se movem sobretudo no terreno legal, mas que têm comportamentos recorrentes de legalidade questionável. Conclui ainda que a legalidade estrita é pouco importante, dada a pressão social e política que começa a avolumar-se.


António Júlio Trigueiros SJ

É gratificante a análise que Eduardo Lourenço, que este mês nos deixou, fez da história e missão da revista Brotéria, ao longo dos seus primeiros cem anos, num texto que prefacia o volume que assinalou em 2002 essa efeméride. Mas o ensaio escrito no início deste século, não deixa de alertar para o intrincado desafio da contemporaneidade. Uma revista como a Brotéria deve descolar-se do modelo das revistas tradicionais do seculo XIX, ou das revistas de militância teológica, filosófica e cultural, para enfrentar tempos mais complexos e desafiadores.


Lívia Franco

Depois de ter passado pela casa Branca como vice-presidente entre 2009 e 2017, Joe Biden volta em janeiro de 2021, agora como o 46º presidente dos EUA. Assume o leme de uma América partida ao meio e ideologicamente polarizada. Uma América que se questiona e que desconfia. Uma América atormentada pela pandemia. Uma América que, nos últimos quatro anos, parte considerável do mundo teve dificuldade em reconhecer. E, no entanto, também o mundo mudou nesse espaço de tempo. Forças disruptivas, a nível interno e internacional, medraram em todo o lado, propondo novos padrões e diferentes regras de comportamento.


Miguel Cadilhe

Neste mês em que passam quarenta anos sobre a trágica morte de Francisco de Sá Carneiro, uma breve síntese do seu pensamento sobre a sua “democracia regional” permite homenagear o político e concluir que dificilmente aceitaria o centralismo que Portugal ostenta. E que destoa flagrantemente dos principais países europeus. Quem está errado, nós ou eles? Responde-se à luz do princípio da subsidiariedade, da teoria da economia pública, dos factos comparados, das regras e da vigilância. As “regiões administrativas” do continente têm algum teor político, mas inexistem. Os anos 90 começaram com a unânime e promissora lei-quadro das regiões, mas depois tudo culminou na revisão constitucional de 1997 e no referendo de 1998. Foi a rendição ao centralismo. Ali morreu a nascente regionalização. Morreu? Poderá o novíssimo regime das CCDR, sucedâneo imperfeito que é, ser uma porta intercalar, aberta à “democracia regional”?


Nuno Ornelas Martins

O tema da desigualdade foi progressivamente desaparecendo como objecto de estudo da Economia durante o século XX. O trabalho empírico sobre desigualdade que tornou Thomas Piketty mundialmente famoso insere-se num movimento de retorno da Economia ao tema. Contudo, o projecto de Piketty não consiste apenas em trazer novas métricas para aferir a desigualdade. O projecto procura também tornar a Economia novamente (porque já assim foi) uma ciência informada pelas realidades sociais e tendo em conta as questões éticas e políticas. Trata-se pois, de certa forma, de um regresso ao tempo em que esta ciência era designada como Economia Política.


Carlos Pinto

Pensar o altar a partir do encontro que este nos chama a fazer é, em certa medida, um (re)encontro do homem com Deus. A teologia e a tradição marcam esta reflexão, sobretudo na redescoberta do altar como lugar da presença de Deus no meio dos homens; assim este texto não tem como preocupação primeira especificar indicações, normas, regras litúrgicas ou doutrinais. Adentrar na problemática espacial-litúrgica do altar resulta da compreensão simbólica do objeto, mas também de uma familiaridade com Aquele que ele é chamado a manifestar, a tornar presente – Cristo.


Vasco Pinto de Magalhães SJ

Pensar e gerar um mundo aberto é o título do terceiro capítulo da nova Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti. Está aqui condensado o coração, ou melhor, o pulmão de toda a mensagem e o seu grande desafio. As palavras-chave que atravessam o texto são “abertura” e “mais além” e o desafio é sair de si e superar um mundo de sócios. Na constatação de que da tríade liberdade, igualdade e fraternidade, esta última é a “perna curta” deste tripé, pergunta-se se é possível pensar uma Humanidade diferente.


António Júlio Trigueiros SJ

A fundação da Academia Real da História Portuguesa, por D. João V, de que celebramos neste ano 300 anos foi mais antiga academia nacional. Se bem que tenha dado um novo impulso na historiografia portuguesa, que até então se achava confinada às narrativas monásticas e conventuais, não logrou, no entanto, o objetivo de promover a desejada investigação cientifica a que se propunha e a maioria dos seus trabalhos não se descolou da produção de exercícios apologéticos de retórica, solenes e pomposos, carentes de novidade histórica. Dos projetos de que os sete jesuítas que integraram o grupo fundacional de 50 académicos se encarregaram, muito poucos iniciaram e, portanto, não se pode afirmar que os desejos fundacionais tenham tido uma efetiva realização.


Carolina Vaz Pinto

A perceção do tempo não é a mesma quando se lê um poema ou quando se lê um romance. A poesia tem a característica de trabalhar o tempo a seu favor. Ela prolonga ou desacelera-o para demonstrar a importância de uma experiência e fazer com que o leitor seja imergido nessa experiência. Os versos podem tornar-se dias, ou apenas segundos, toda uma vida pode ser lida em apenas três versos.


Isabel Almeida

Em Requiem para Alguns Vivos, de Eduardo Lourenço, o leitor manuseia um volume cujo aspeto uniforme quase faz esquecer a natureza, tão vária, do que nele converge: textos de que há por vezes diferentes versões (esboços de uma arquitetura incompleta, caminhos abandonados, vislumbre possível da oficina da escrita); textos – alguns – lançados no papel que o acaso ofereceu (as páginas de uma agenda ou a face branca de uma folha solta). Eduardo Lourenço foi um guardador de livros e papéis e o acervo com o seu nome, agora integrado na Biblioteca Nacional de Portugal, conserva esses materiais.


Dimensões
15 x 23,4 cm

Nr de páginas
101

ISSN
0870-7618