A fronteira é por excelência o lugar próprio do conhecimento, como diz Tillich. Para conhecer as preocupações dos homens e mulheres de hoje, este ciclo de conversas sobre territórios, posiciona-se assim excentricamente nas fronteiras, esse locais tão adequados para pensar. As fronteiras que escolhemos foram a fronteira entre a política e a sociedade civil; a fronteira entre a história e o futuro; a fronteira entre a arte e o entretenimento; a fronteira entre a Igreja e a sociedade; a fronteira entre a religião e a cultura; e, finalmente, a fronteira entre a heteronomia e autonomia. Em cada uma interrogar-nos-emos quanto às suas definições mais ou menos certeiras, mais ou menos obsoletas, mais ou menos forçadas.
Ciclo de conversas
29 mai
18h—19h30
Ser português, mas não sem ti!
Com P. José Frazão Correia SJ e P. António Júlio Trigueiros SJ
As comunidades "puras" são grupos sociais mais pobres. A partir da dinâmica entre interior, “os nossos”, e fora, “eles”, abordar-se-à, com P. José Frazão Correia SJ, a forma como a comunidade católica se percebe de forma porosa e como o encontro com o outro a leva a ser mais fiel à sua identidade. A compreensão de uma identidade social que se compreende não a partir do centro, mas a partir das fronteiras será assim o ponto de partida para refletir criticamente sobre a onda de imigração que atualmente nos desafia como comunidade de portugueses e que coloca a questão da diluição da identidade dos portugueses como povo. Em seguida, analisaremos um caso histórico de exclusão de um grupo social. A partir do exame do caso da expulsão da Companhia de Jesus de Portugal no século XVIII, veremos o impacto que essa política de exclusão teve nomeadamente na educação no Alentejo como caso de trabalho para pensar as tentações atuais de exclusão sumária de comunidades inteiras e dos seus impactos tanto nos excluídos, como nos que excluem.
18 jun
18h—19h30
A arte do encontro social a partir da gratuitidade e do lúdico
Com Catarina Ricciardi e P. João Sarmento SJ
Muitos dos artistas mais radicais, mais de fronteira, passam, com o tempo, a habitar o centro do cânone artístico. A arte será porventura a área humana onde o centro persegue mais as fronteiras do novo, do diferente, do outro. Para pensar o encontro social no presente e no futuro, vamos assim olhar para práticas artísticas que recriando o imaginário do encontro social por via de investigações plásticas em que se trabalham as atividades coletivas que edificam laços afetivos e constroem novas possibilidades de se viver em comunidade. Tendo por fundamento teórico os conceitos do lúdico e da gratuidade, abordar-se-ão alguns trabalhos de artistas como, mas não só, as arquiteturas efémeras de Shirley Paes Leme ou a fantasia dos encontros do coreógrafo Gustavo Ciríaco e do arquiteto João Gonçalo Lopes.
18 jul
18h—19h30
Espiritualidade e espiritualidades, cultura e culturas
Com P. João Norton de Matos SJ e P. Vasco Pinto Magalhães SJ
Numa época de diversidade religiosa e de coexistência de comunidades com diferentes espiritualidades no mesmo espaço geográfico, é imperioso refletir sobre esse conceito, espiritualidade, que usamos todos, mas cada um com um sentido muito próprio. E também sobre as relações entre a espiritualidade e a cultura, as relações das espiritualidades entre elas, e as relações entre as espiritualidades nas diferentes culturas (secular, ocidental, oriental). Que natureza, valor e sentidos podemos atribuir às espiritualidades?
Moderação: P. Manuel Cardoso SJ