Quando chegaram à Índia pela primeira vez, em 1542, os jesuítas confrontaram-se com uma multiplicidade de desafios. Não apenas iam procurar converter sociedades muito diferentes daquelas a que estavam habituados, tanto do ponto de vista da língua, como das suas práticas culturais, como precisavam de se legitimar num Estado da Índia já estruturado, no qual as tarefas de evangelização estavam entregues aos Franciscanos.
Uma das principais estratégias desenvolvidas para serem aceites e se inscreverem nos contextos pré-existentes foi a acumulação sistemática de saberes. Esta tornou-se um instrumento fundamental para poderem, simultaneamente, serem reconhecidos pelas autoridades civis e eclesiásticas do Estado da Índia, bem como pelas sociedades indianas com as quais interagiram. Saber e poder e saber para poder constituíram-se, pois, como duas variáveis essenciais para perceber a ação dos jesuítas na Índia, tornando-os, aliás, num dos exemplos mais sugestivos do Orientalismo Católico.