15 mai — 9 julExposiçãoArte
Uma serenidade em êxtaseSara Chang Yan

No trabalho de Sara Chang Yan, o desenho é um guia que a conduz para a quietude da realidade imanente. No plano do desenho dá-se um acontecimento que é da natureza da procura, uma abertura gerada pela vontade de “estudar-descobrir”, mediada por conceitos abstratos e imensuráveis que emergem da sua vida interior. Como calor-frio, ternura, Deus. Grandes palavras que são indicadores e coordenadas geográficas que materializam o lugar do invisível.

Nos trabalhos, estar sem nome ou sintonizar uma alegria serena, vemos elementos que compõem o seu vocabulário de formas, linha, mancha, ponto, furo, cor. Esta é uma gramática interior que vemos exercitada num exercício de devir-visibilidade no qual mais do que desenhar um objeto desenha-se o ser.

Os desenhos mostram-se num território de uma espacialidade nova, transmutam-se nas suas dimensões e formatos inexpectáveis, encarando a abertura a uma nova ocupação sensível do vazio do cheio e dos mistérios do habitar, sereno e pleno.

Para a Sara Chang Yan, a prática do desenho é a tradução de um impulso-mergulho para “vivenciar Deus”. A essência é a concretude buscada num desenho, que se despe de mundo exterior, para se fazer matéria igual à do interior das palavras. Vivenciado a força inerente de cada palavra, de modo intuitivo, sem a conceptualização sistemática ou racional.

Um plano qualitativo é um trabalho composto por quatro desenhos sobre papel que ocupam a primeira sala da galeria, montados numa forma de suspensão espacial. Uma linha convoca à contração dos suportes tecendo um só corpo secreto, que é desenho sem frente nem verso levantado num enorme silêncio. Lembramos o que nos dizia Pseudo Dionisio Areopagita (séc V) "Quanto mais alto voamos, menos palavras necessitamos, porque o que é inteligível torna-se cada vez mais simplificado... Quando chegamos ao topo, reina o silêncio completo. Estamos completamente unidos ao Inefável.”

Sara Chang Yan retira ao desenho qualquer tipo de referente da realidade, reduz e trabalha-o ao ponto de se fundir com o espaço da galeria. Torna-o transparente aos movimentos da interioridade, num encontro que acontece criando vazios, como um fenómeno misterioso, acessível a partir de um olhar atento.

 

Inauguração
Qui 15 mai
18h às 20h30
 
Visita guiada
Sex 16 mai
19h às 20h
 
EN
An Ecstatic Serenity
 

In Sara Chang Yan’s work, drawing is a guide leading her into the stillness of immanent reality. Something happens on the plane of drawing—an event rooted in pursuit, an opening sparked by a will to “study-discover” and mediated by abstract, immeasurable concepts that emerge from her inner life, like warmth-cold, tenderness, God. Big words these are, acting as signposts or geographic coordinates that materialise a place for the invisible.

In estar sem nome [being without a name] and sintonizar uma alegria serena [tuning into a serene joy], we see elements from her formal vocabulary: line, blot, point, perforation, colour. This inner grammar is exercised in a process of becoming-visible where what is drawn is not objects, but being itself.

Her drawings are displayed within a territory of new spatiality, transmuting in unexpected dimensions and formats. They open themselves up to a sensitive occupation of the emptiness within fullness, and of mysteries of serene, wholehearted dwelling.

For Sara Chang Yan, drawing conveys an impulse-plunge towards “experiencing God.” Its essence lies in the concreteness she seeks in a drawing, stripped of the external world to become a substance akin to that of words’ inner life. The force inherent in each word is thus experienced intuitively, dispensing with any systematic or rational conceptualisation.

Occupying the first room of the gallery, Um plano qualitativo [A qualitative plane] consists of four drawings on paper suspended in space. A line contracts the supports, weaving them into a single secret body—a drawing with neither front nor back, held aloft in vast silence. We are reminded of what Pseudo-Dionysius the Areopagite (5th century) once wrote: “The higher we rise, the fewer words we need, for the intelligible becomes ever more simplified… When we reach the summit, complete silence reigns. We are wholly united with the Ineffable.”

Sara Chang Yan strips drawing of all ties to external reality, distilling it until it blends seamlessly with the space of the gallery. In doing so, she renders it transparent to the movements of interiority through a convergence that creates voids, like a mysterious phenomenon that reveals itself only through attentive looking.

 

Opening
Thur 15 May
6 pm – 8.30 pm
 
Guided tour
Fri 16 May
7 pm – 8 pm
 
Com o apoio Supported by 
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Local: Brotéria
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