Em tempo de Natal, damos início ao curso Soltar a mão. Desenhar distraidamente é o nome da primeira sessão. Construído o cenário de um jantar num restaurante, é proposto um exercício criativo sobre toalhas de papel. Seja um rabisco ou um copo de cerveja, os desenhos feitos à volta de uma mesa cheia — à conversa, à espera do jantar, enquanto se mordisca uma fatia de pão — mostram que é preciso pouco para soltar a mão e a imaginação. 

Madalena Tamen

Licenciada em Estudos Gerais, passou um semestre na King’s College, Londres e concluiu uma Pós-Graduação em Estudos Medievais e um Mestrado em Teoria da Literatura, ambos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Deu aulas de inglês, trabalhou numa leiloeira e em alguns restaurantes. Em 2020 entrou para a Brotéria e juntou-se à equipa da revista. É, atualmente, editora-adjunta e responsável pelo Caderno Cultural.

Mané Peixoto

Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, tornou-se monitora do departamento de Design de Comunicação da mesma entre 2016 e 2018. Começou a colaborar com a Brotéria em 2020, juntando-se à equipa de Design e Comunicação em 2021 como designer.

Soltar a mão

“Não sei desenhar” é uma frase que muitas vezes ouvimos alguém dizer frente a um papel e um lápis.  Mas afinal o que é saber desenhar? E será que importa desenhar bem?  

O desenho é uma prática que pode ser muito mais espontânea e próxima do nosso dia-a-dia do que aquilo a que nos habituaram a pensar. Pode ser uma ferramenta descomprometida de pesquisa e observação daquilo que nos rodeia; de formulação de ideias; de mediação entre o papel, a memória e o indivíduo.   E tal como muitas outras coisas, o desenho é um hábito. Soltar a mão pretende, assim, dar uma oportunidade a quem não costuma desenhar — ou que diz não “saber desenhar” — para experimentar e explorar formas descentralizadas desta prática, usando materiais acessíveis no dia-a-dia e libertando a mão e a cabeça de preocupações técnicas.  

Soltar a mão não se constrói como um curso que “ensina a desenhar”; não oferece técnicas nem se preocupa com linhas perfeitas em folhas novas, convidando antes a olhar e a admirar o mais pequeno — o que passa despercebido.