Quando a meio de março lançámos este projeto, vivíamos dias de uma inquietação que era pura novidade. Teríamos pela frente um tempo de isolamento que obrigaria a mudar a maneira como nos deixávamos tocar pela beleza. Esperávamos - sem saber - que esse tempo fosse o mais curto possível. Por isso, Aos Vossos Lugares! lembrou-nos de que aquilo que fazemos, lemos, vemos e ouvimos continuava a poder ser um remédio para o desassossego.
Passaram-se entretanto três semanas. Muitos trabalham desde casa e sabemos hoje que não há pensamento nem arte que substituam um abraço. Ainda assim, o pensamento e a arte encurtam distâncias e expandem horizontes. Ver tantos autores a colaborar neste projeto é sinal de que o que temos para oferecer não pode ficar só dentro de nós. O pensamento, a literatura, a música e a arte devem continuar a germinar. E a ser levados para dentro da casa de cada um.
Somos uma comunidade de casas abertas. Não para entreter os medos, mas para fazer persistir a imaginação. Nutrir a sã inquietação do espírito. Permanecemos numa construção consistente. Não fazemos um segundo Aos Vossos Lugares!, antes continuamos à procura desse novo lugar. Aqui ninguém se repete. Intensifica-se. Estes não são lugares passivos de observação onde tudo ficará na mesma. São lugares que transformam. Porque quem não junta, dispersa.