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Volume 192-1, Janeiro 2021

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Carlos Coelho

Entre 1 de Janeiro e 30 de Junho de 2021 Portugal preside ao Conselho da União Europeia; será a terceira vez: a primeira foi em 1992 (na altura de Aníbal Cavaco Silva), a segunda em 2000 (António Guterres) e a terceira em 2007 (José Sócrates). Nos tempos desafiantes que vivemos, o mais urgente é recuperar a economia e fazê-lo de modo sustentável adaptando-a aos desafios da transição verde e digital; bem como lutar contra a pandemia e ser eficiente nas políticas de saúde pública. Mas, além dos dossiers urgentes, esta presidência pode deixar uma marca especificamente portuguesa como a Europa Social; o Estado de Direito e a Democracia; o Diálogo transatlântico; e o Futuro da Europa.


António Júlio Trigueiros SJ

A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, apresentada no primeiro dia deste ano de 2021, intitula-se A Cultura do cuidado como percurso de paz. O ano de 2020 ensinou-nos a importância de cuidarmos uns dos outros e da criação a fim de se construir uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade. A mensagem é inspirada e inspiradora e faz um apelo claro a que desenvolvamos uma cultura do cuidado que erradique a indiferença, o descarte e o conflito. Não deixando de estar em sintonia com as grandes preocupações do tempo presente, abre horizontes de uma nova atitude na vida individual e coletiva – a de colocar o cuidado com o outro e com a criação como centro das nossas decisões e ações.


Walter Osswald, Olga Osswald

Perante a séria ameaça e a enorme contagiosidade da doença provocada pelo coronavírus, e sendo manifesta a inexistência de medicamentos específicos para a tratar com sucesso, remetidos ficam os médicos para tratamentos sintomáticos (alguns deles com importante papel na evolução e gravidade dos sintomas). Perante esta situação, a única solução a procurar só podia, como foi, a de apostar todas as potencialidades científicas e técnicas na preparação de uma vacina eficaz e bem tolerada. Algumas inquietações éticas ainda não encontram resposta nas circunstâncias em que ocorre a planeada vacinação, mas o argumento da defesa de vidas (e da vida) sobreleva as reservas e indica com clareza a opção a tomar.


Raquel Vaz Pinto

A sociedade chinesa tem vindo a ser controlada de forma mais eficaz através da tecnologia e com medidas como o «Sistema de Crédito Social». É consensual que Xi Jinping, secretário-geral do Partido Comunista da China desde 2012, tem endurecido o controlo interno em várias dimensões. Mas, tendo em conta este contexto geral de maior repressão, o que é que torna a situação dos uigures (tal como a dos tibetanos e cada vez mais os mongóis) diferente? É o facto de serem um alvo enquanto membros de um grupo, neste caso de uma minoria étnica face à homogeneidade Han indiscutível (cerca de 92%) da população da República Popular da China. Dito de outra forma, nascer tibetano ou uigur é aos olhos de Beijing uma espécie de «dissidência inata».


Card. Michael Czerny SJ

Para o Papa Francisco, a reforma da Igreja acontece "a partir de dentro", ou seja, em virtude de um processo espiritual que muda as formas e renova as estruturas. Baseando-se na herança da espiritualidade inaciana, Francisco enfatiza a conexão íntima entre a experiência interior, a linguagem da fé e a reforma das estruturas. Iniciar processos de conversão é, portanto, uma prática radical de governo e a única garantia real de que a estrutura institucional da Igreja possa empreender e prosseguir com sucesso o caminho comunitário do seguimento de Jesus, isto é, a sinodalidade. A intuição é esta: não só o Espírito quer que tomemos boas decisões, mas também nos garante a sua ajuda, através do processo de sinodalidade, para alcançar este objetivo.


Mário Garcia SJ

A leitura dos Exercícios Espirituais, para quem já viveu a experiência de os fazer, poderia configurar-se na “repetição”: “notando e fazendo pausa nos pontos em que senti maior consolação ou desolação ou maior sentimento espiritual” (EE 62, 2). Não se vai proceder a uma análise minuciosa do livro, mas apresentar uma leitura da anotação segunda (EE 2) e das três ocorrências (135, 172 e 370) do adjetivo puro/a. A conclusão será “resumindo” (64, 1), “para que o entendimento, sem divagar, discorra assiduamente pela reminiscência das coisas contempladas” (64, 2).


Roland Jacques OMI

É improvável que se descubram novos documentos arquivados sobre a vida e a obra do jesuíta Francisco de Pina, missionário na Cochinchina (atual Vietnam) no segundo quartel do seculo XVII. Responsável pela romanização da língua vietnamita, merece ser conhecido, e a sua obra é rica de ensinamentos e de sabedoria prática. O seu enraizamento no âmbito linguístico português foi um trunfo considerável para a sua ação. A sua visão tem um significado crucial para a evolução do Vietname em direção à autonomia cultural. Afinal, o seu trabalho tem grande significado para o enraizamento do cristianismo na cultura vietnamita.


Filipa Iglesias

A Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial representou um marco na passagem do foco no património material para incluir o imaterial, trazendo uma nova dinâmica de envolvimento das comunidades, grupos e indivíduos na definição e salvaguarda do seu Património Cultural Imaterial (PCI). As obras de Amadeo de Souza-Cardoso revelam o seu universo mais pessoal e as suas raízes culturais, mostrando as tradições, o artesanato, a música, as festividades e o saber fazer de Amarante, região de onde o artista é oriundo. Assim, de certo modo, antecipam as recentes políticas de inventariação, ao identificar e documentar em forma de registo criativo os elementos que o integram. A valorização da pintura enquanto fonte documental útil à elaboração de inventários de PCI traz ainda uma camada de significado adicional às próprias obras e seus contextos, ampliando o conhecimento do percurso do artista.


Eduardo Paz Barroso

A propósito da exposição «Manoel de Oliveira Fotógrafo» patente em Serralves, propõe-se um ensaio sobre a revolução que foi o aparecimento das máquinas Leica, o reconhecimento da fotografia enquanto arte no século XX português e a prática de Oliveira enquanto fotógrafo amador. Depois, avança-se com uma filosofia da fotografia segundo Manoel de Oliveira – uma teoria do pensamento visual de Manoel de Oliveira – que descobre em Oliveira-fotógrafo algumas das categorias importantes da sua faceta de cineasta: a dúvida, o respeito e o amor à verdade, os acrescentos orquestrados de real ao real ou a sua conceção tão própria do que é a arte de mostrar.


Dimensões
15 x 23,4 cm

Nr de páginas
90

ISSN
0870-7618